sexta-feira, 30 de abril de 2010

OGUM.DOC - PARTE 02





Enquanto postamos um segundo vídeo, duas continuações estão no forno, esperando para serem publicadas.

O processo é constante e a cada dia que passa novo material surge, a dificuldade é achar tempo para editar.

Tudo isso e Ogum "Deus e homem" ainda está no começo...

Nesse segundo vídeo, nota-se a força do discurso estético/político que a diretora se apropria com firmeza, destaque para a qualificação e reconhecimento do projeto, contemplado no I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afrobrasileiras.

Esse seria, então, o momento de apropriação e amadurecimento do discurso...

Destaca-se aqui fala de Hilton Cobra (Diretor da Cia dos Comuns -RJ), durante encontro dos premiados no I Prêmio Nacional de Expressões Cuturais Afrobrasileiras, em Brasília, e a mesma finda essa postagem, para reflexão: "...ainda não consigo pensar e discutir as questões estéticas do meu fazer, pois as questões políticas são muito fortes e são elas que me movem nesse momento...Preciso ter tranquilidade para trabalhar a estética, mas sinto que tenho que militar pelo artista negro agora...Mas arte a gente acaba fazendo porque é de nossa natureza...".




segunda-feira, 26 de abril de 2010

OGUM.DOC - PARTE 01

OGUM.DOC


O Projeto OGUM.DOC trata-se da realização de um vídeo documentário sobre a montagem do espetáculo Ogum "Deus e Homem". O documentário será realizado em partes (trechos, capítulos ou "pílulas" audiovisuais) publicadas no Youtube e postadas nesse blog, durante o processo de montagem.

"A idéia é produzir material audiovisual simultâneo ao processo, para que diretora e equipe possam analisar o próprio processo enquanto ele se desenvolve e ao mesmo tempo possibilitar a construção de um documentário "interativo"... À medida em que vai sendo publicado, o doc também é pensado, a ordem das publicações não necessariamente é a ordem final do filme, que vai sofrer um outro processo, de construção e desconstrução, pois ao fim do processo da montagem teatral, uma nova edição das imagens será feita com o material bruto a partir do retorno dos que acompanham o blog e análise do conteúdo publicado, se transformando em um longa-metragem...Fernanda Júlia trabalha justamente o Ogum "Engenheiro do Universo", "Senhor da Tecnologia", e nesse sentido, acredito que esse processo "interativo" tem tudo haver com o ponto de partida da montagem." (Thiago Gomes - Diretor do Documentário e Diretor Assistente da montagem Ogum "Deus e Homem")

Assista os vídeos:


Em breve, mais vídeos...





sábado, 24 de abril de 2010

ABDIAS DO NASCIMENTO...

"Várias interrogações suscitaram ao meu espírito a tragédia daquele negro infeliz que o gênio de Eugene O’Neill transformou em O Imperador Jones. Isso acontecia no Teatro Municipal de Lima, capital do Peru, onde me encontrava com os poetas Efraín Tomás Bó, Godofredo Tito Iommi e Raul Young, argentinos, e o brasileiro Napoleão Lopes Filho.

Ao próprio impacto da peça juntava-se outro fato chocante: o papel do herói representado por um Ator branco tingido de preto.Àquela época, 1941, eu nada sabia de teatro, economista que era, e não possuía qualificação técnica para julgar a qualidade interpretativa de Hugo D’Evieri. Porém, algo denunciava a carência daquela força passional específica requerida pelo texto, e que unicamente o artista negro poderia infundir à vivência cênica desse protagonista, pois o drama de Brutus Jones é o dilema, a dor, as chagas existenciais da pessoa de origem africana na sociedade racista das Américas.

Ocorria de fato o inverso: até mesmo um Imperador Jones, se levado aos palcos brasileiros, teria necessariamente o desempenho de um ator branco caiado de preto, a exemplo do que sucedia desde sempre com as encenações de Otelo.

Mesmo em peças nativas, tipo O demônio familiar (1857), de José de Alencar, ou Iaiá boneca (1939), de Ernani Fornari, em papéis destinados especificamente a atores negros se teve como norma a exclusão do negro autêntico em favor do negro caricatural. Brochava-se de negro um ator ou atriz branca quando o papel contivesse certo destaque cênico ou alguma qualificação dramática. Intérprete negro só se utilizava para imprimir certa cor local ao cenário, em papéis ridículos, brejeiros e de conotações pejorativas."...

(trecho de texto de Abdias do Nascimento)

OGUM "DEUS E HOMEM"

Na foto: os atores Jussara Mathias e Fernando Santana.

Foto: Rodrigo Frota.

O espetáculo Ogum “Deus e Homem”, narra a história da divindade yorubá Ogum, revelando a grandiosa trajetória do senhor da tecnologia.

CIA DE TEATRO NATA...

Fundada em 17 de outubro de 1998, na cidade de Alagoinhas (Bahia), a Cia de Teatro Nata há dez anos movimenta o cenário artístico cultural da cidade, através de montagens de espetáculos teatrais, oficinas, leituras dramáticas e debates sobre o papel do artista negro no cenário baiano e brasileiro. Desde sua origem, os espetáculos da companhia têm foco nas questões sociais, abordando temas ainda sufocados pelo preconceito.

Sendo o Candomblé sua fonte inspiradora para o processo estético criativo, a Cia de Teatro Nata montou espetáculos como: Senzalas “A história o espetáculo”, O seco da Seca, Guarda – roupa íntimo, A Eleição, Perfil “Só vendo pra crer” e Shirê Obá “ A festa do Rei”, que ganhou o edital Manoel Lopes Pontes de Estímulo a Montagem de Espetáculos Teatrais no Estado da Bahia de 2008 e foi indicado ao Prêmio Braskem de Teatro nas categorias de Melhor Espetáculo Adulto, Direção Revelação, para Fernanda Júlia e na Categoria Especial, pela sua direção musical. Tendo sido premiado na Categoria Especial, Jarbas Bittencourt, pela direção musical da montagem.

Ogum “Deus e Homem”, projeto contemplado pela Fundação Palmares no 1º Prêmio  Nacional de Expressões Culturais Afro Brasileiras, é a continuidade do trabalho de promoção da cultura e religiosidade de matrizes africanas através da arte, que Cia Nata de Teatro vem desenvolvendo, no sentido da valorização da Cultura Negra.